Não, Sou, Eu
Não sou o que muitos me dizem ser,
Nem o que suas palavras ão de dizer.
Não sou e nem fui o que gostaria,
Sou bem mais do que pensaria.
Um pedaço eterno de mim mesmo,
Sou eu só, jogado a esmo.
No mundo de pouca dó
Ao qual sempre padeço.
Sou eu ao longe onde a saudade se faz infinita,
Sou eu no verbejar ao elogio da moça bonita.
Sou eu impregnado no sorriso daquela que amo,
Sou eu as vezes desilusão em puro desengano.
Sou eu nada além de mim,
Simples e finito como já tenho sido.
Sou eu um louco temendo o fim,
Nesse muito desespero que tem me acometido.
Ora, e como sou eu esse a quem tanto falo,
Se estou em meio a essa voz que sou.
Como posso ser eu assim a destrata-lo,
Nessa humilde prosódia a quem me dou?
Nessa indagação do meu eu,
Nessa interrogação de quem sou.
É bem mais fácil um breve adeus,
Do que me tomar de quem me roubou.