DAS COISAS PERDIDAS
REPUBLICAÇÃO – Poema de 1987
As palavras de sumo
em que frutos se esconderam?
Aquele sumo dos olhos
Secou em que almas de cavernas?
Em que beira de caminho
se exaustou a alegria?
As areias de sonho
em que destruídos castelos?
Castelos roídos
em que praias de que mundos?
Quando se esgotou o mel
nas mais fraternas abelhas?
Quando todas as pegadas
se tornaram estrangeiras?
Quando o tempo se encolheu
como uma estrela ferida?
Quando o amor desistiu
de suas belas mentiras?
Será que foi sempre assim
e os atores não se deram conta?
Onde as palavras de amor
sem acesso nas prateleiras?
Por que a paixão desertou
bem no meio da batalha?
Por que a beleza
já não mais toca peles, almas?
Algum dia os olhos não mais
se desviarão dos espelhos?
Ainda se verá o claro olhar do outro
no interior do olhar de si mesmo?