Brisa
Sou um ponto negro
Em um mundo negro
Minha existência se mistura a milhões
E eu me perco; e não me acho
Não quero evidência
Quero me achar. Quero Sentido.
Quero me encontrar no mundo
Justa posição. Senso. Justificativa.
Cercada pelas paredes da minha casa
Uma brisa convidativa
Me atinge da janela
Começo a caminhar
A procura do meu lugar
Passeio por ruas
Cruzo travessas
Passo por pessoas
Com seus olhares vazios
Que não me dizem ou acrescentam nada de novo
Vejo mais tristeza do que alegria
Será que perdi a capacidade de enxergar a beleza, as coisas boas?
Mas não há beleza em mim
Não há beleza aqui
Há poucos com muito
Há muitos com quase nada
Há falta de humanidade
Há falta de solidariedade
Sem sentido. Sem razão. Sem porque acreditar.
Sinto mais uma vez a Brisa gélida
Volto a caminhar
Dessa vez, sem destino
Já não me importo mais
Sigo a brisa...
Chego a uma praça
Me recosto em uma árvore
Observo o céu e o caminho das nuvens
Que uma hora se encontram e fazem chuva
Observo,
Os pássaros, as plantas,
As crianças que brincam na terra
A natureza e sua pureza
Reflito sobre seus ciclos
Ela sabe exatamente o que fazer...
A brisa gélida novamente me atinge
Mas ela transpassa minha alma
Me preenche
E a sensação vem...
Unidade.
E eu me encontro, e não me perco.
Me conecto com o mundo e faço parte dele.
Instinto
Eu tenho o mundo todo dentro de mim
Todos nós
Eu sou um dos muitos que sustentam a grande teia universal
Mas eu sou, eu vivo
Eu posso agir
Nós somos os culpados,
Por estarmos sem direção
Com nossa mania se superioridade e dominação
Nos encarceramos, em nossas casas
Cercados de tecnologia
E não olhamos por dentro
E não vemos o mundo natural que está a nossa volta
Perdemos o instinto.
A resposta está aqui,
Está em mim.
Siga a brisa e você encontrará sua resposta.