Tempo
O que é o tempo?
Não posso tocá-lo. Não posso vê-lo
Não posso manipulá-lo a minha vontade
Não posso pará-lo, também não posso fazê-lo correr
Acredito que posso contá-lo.
Mas para seu deleite isso não o modifica
Tempo, vivo em um lugar
Onde não se olha à volta. E nem se analisa internamente
Reduzem-te a um objeto, ás vezes ao pulso.
Olham freneticamente para ele e expressam
“Não posso agora. Tenho pressa”
“Tempo é dinheiro”
Nós sabemos o que é o tempo?
Dizem: você ficou vendo o tempo passar...
Ou será que é o tempo que fica a me observar?
Posso senti-lo.
Posso ver seus efeitos sobre mim
Ao me olhar no espelho, minha imagem diz...
Tempo você é meu amigo?
Você delimita meu inicio e fim.
Uma linha reta que apenas posso caminhar em frente.
Um passo de cada vez.
Não posso tornar eterno, momentos felizes.
Não posso voltar para consertar meus erros.
Tempo nada te atinge...
Quanto a mim me corróis lentamente
Memórias...
Você me as faz esquecer. Às vezes permite lembrar
Tempo, meu caro
Caminhamos lado a lado em uma procissão
Será sua função durante esse curso sem fim
Fazer-me desvanecer aos poucos?
Até que enfim deixarei de existir.
E você vai continuar a seguir.
Ás vezes, meu caro, suponho que és solitário
Caminha com as pessoas, mas no fim não as têm
E as pessoas também não o têm...
Nisto não te assemelhas a mim?
Será possível nessa linha reta sem fim, que não se pode voltar
Deixar marcas? Você irá carregá-las em seu percurso?
Tempo você se lembrará de mim?
Você apenas seguirá seu curso...
Levando consigo vidas, sentimentos
Histórias
Escondidas em seu silencio assombroso...
E que talvez, nunca serão contadas...