As Palmeiras
Nuvens não deixam o sol acender o lampião,
a chuva molha o pavio pra garantir que não;
resta às formigas comer do acumulado pão,
pois o labor natural está debaixo de veto...
as inquietudes voam, sem medo da chuva,
rumo a certo vale onde está madura a uva,
forjando o encaixe perfeito, mão com luva,
ignoram a curva e imaginam caminho reto...
chuva deriva de certas razões atmosféricas,
que se formam fora da vista, são, exotéricas,
o vapor se condensa em gotículas esféricas,
e no momento, com ou sem vento, precipita...
natureza bebe as suas transbordantes taças,
plantas diversas e os bichos de todas as raças,
a relva se retrai, mas, logo que a chuva passa,
as mangas arregaça, e se levanta mais bonita...
plagas do coração também acusam calor, frio,
é nelas, aliás, que de esperança corre um rio;
contra a depressão funda que a solidão pariu,
águas da resistência são um necessário bem...
pois, se o coração está nessas amargas fases,
que o sonho e realidade recusam fazer pazes,
restam as palmeiras da poesia junto ao oásis,
sombras de consolo, enquanto chuva não vem...