SINA FACTÓIDE

Acabo de me desfazer em verso

Como me desfaço em factóide de esperança.

Mas...

Nunca sou só fato, sou ato, aço, sou relato.

Eu passo em rimas perplexas

Ao norte dum acaso existencial,

Nada proposital, só destino...

Tal como uma estrela cadente

Que risca alegremente um céu enegrecido.

E a passos bem largos e obstaculizados

Tento entender o mesmo diálogo eloquente

Que ecoa dum púlpito distante e prepotente

Qual versos brancos sem sentido exato, abjetos.

Então, resgato parcos heróis que agonizam aos poucos

dentre versos bobos, de esperança sem sentido

Sem fôlego, moribundos e de razão subjugada.

E sinto como se minha garganta afônica

Gritasse por eles, versos surdos ao universo,

Ecos de socorro ao que desconheço mas pressinto...

Esses meus tantos artefatos inaudíveis à anestesia coletiva.

Então, como factóide legítimo, em verso empobrecido

Tento desviar a atenção para o todo desse todo.

Nunca obtenho sucesso e regresso ao insucesso.

Viro meu rosto pálido para não ver o destino reverso

Claro e inexorável do mesmo verso de sempre

Que minha rima respeita e abomina.

Da poesia, versejo a nua e crua sina.