CEGA... DE OLHOS VENDADOS...

                                                                            Ofereço a...




Tenho andado cega, sim.
Cega ou de olhos vendados
- quase tanto faz. Perdoa-me...
Perdoai-me.
Vosso livro, o teu livro... Ai!



Pelo retrovisor da alma
fico a ver algumas das paisagens
que foram ficando para trás



os estilhaços do mundo
pela estrada
e essa vontade
de ser
de ainda
ser



ainda um ser.
Quero te olhar e te ver
vos ver de verdade...
Estás tão só...
tão sós estais...



estamos todos tão sós!
Que palavra
silêncio
toque
que nos possa



efetivamente
desde a pele
também a alma tocar...

De verdade tocar...


Não te quero deixar
tão só.
Não vos quero deixar
assim ermos de nós...



Quero ainda saber olhar...
saber ver...
Ontem alguém me disse
"Como é bom te ver
de repente
rindo assim"



e eu, de repente,
tive vontade de chorar
por alguém de repente
tanto se alegrar
por me ver rindo assim...



Quero me alegrar muito
com vosso riso, também.


Ah, perdoa-me... Perdoai-me...
As palavras faltam...
O silêncio falta...
Eu falto...

Quero voltar...


Quero voltar
voltar para  mim
voltar  para todos nós.



Voltar... para ser...
para sermos todos juntos...
Não voltar para ter
para a ilusão de ter...






Isto tudo neste instante, de primeira, e só poderia ser assim.