ESPELHOS
O que você vê ao se olhar no espelho.
Para muitos apenas um reflexo, ou simples desenho.
Silhueta do complexo.
Para outros o imperfeito, que com retoques, chega-se ao meio termo.
Para outros a arrogância de Ícaro, vitimando-se a si mesmo.
De uma forma ou de outra para todos os espelhos, somos espelhos.
Vemos o que vemos, e vemos o que queremos.
Como duro algoz de si mesmos.
Determinamos, corrigimos, eliminamos, desgostamos, mas sempre do mesmo espelho.
O verso e o anverso.
Como imagem refletida do que se apresenta à vida.
Contudo em seu anverso, o édipo dos mais meticulosos e atentos.
Que em uma fração de segundos, não perde nem mesmo um só evento.
Para si mesmo, os dois lados de um mesmo reflexo.
Como o côncavo e o convexo.
Como flashes da tênue refração do reflexo.
Desenhando e desdenhando do próprio verso.
Apresentando-se incólume.
Descrito em poucos versos.
Que a todos ao se mirar no espelho.
Crie um paradoxo no universo.