A Estrada do Poeta

A ESTRADA DO POETA

Mesmo com o peito ferido,

Continuar a caminhar;

Existe o sofrimento,

Eia, pois, vamos descrevê-lo;

Não o buscamos, mas está aí,

Matéria que plasma a vida;

Vida, portanto.

Caminhamos por essa estrada torta,

Nua,

Esfarrapados,

Doudos,

Bêbedos,

Nem sempre a estrada mais bonita,

Nem sempre acompanhados...

Quem nos seguirá?

Existe poesia também no café com pão;

Não há recanto mágico, recluso;

Não há inspiração.

A poesia é o mundo:

Injusto, ingrato,

Bruto, no mais das vezes,

Mas, o mundo.

Saber extrair dele a essência,

Com palavras roucas, às vezes,

Sem jeito, no mais das vezes,

Incompreendido, sempre...

Somos doces, ferozes,

Mansos ou tiranos;

Alegres ou tristes;

A vida borbulha em nós.

Mas, decididos,

Destilaremos o fel,

Na bateia louca,

Na roda-viva;

Da nossa lavra,

Algo se aproveitará!

E o teu caminho, assaz pedregoso,

Assaz espinhento e visguento,

ainda te consolará

Da alternância, claro, escuro,

Bonito, feio.

Do belo e .... terrível!