RETIFICAÇÕES
Há retificações, que hoje, norteiam nossas vidas.
E elas obtemperam tanto no que diz respeito,
Às ilusões, tão quanto em deferência as assimilações!
Não sei, mais acho que os anos passam e nós vamos,
Ratificando os nossos sonhos, com precisão imperiosa,
De continuarmos vivendo, pois em que pese os relógios,
Na sua sofisticação, ainda são os mesmos, ainda,
Fingem marcar as horas, enquanto o tempo não, esse voa...
Com as mesmas identificações do homem moderno.
Ainda existem sim, algumas fantasias debruçadas,
Nas nossas almas, acenando suas raízes no inconsciente.
Ou até mesmo no nosso consciente arrimado.
Há uma predisposição em todos nós, que é, de voar...
E de tentar plainar, e de tentar pousar na hora certa.
Aí é que está o x do problema, que hora é essa, a certa?
Se somos humanos, assim essa bola de cristal tiraria,
Toda a graça da vida, o amor se constituiria em puro ideal!
Sem que os corações descobrissem as probabilidades,
Os prognósticos do certo e do errado, do falso do verdadeiro.
E o Sol seria o mesmo, da alvorada ao entardecer.
Sem a beleza das estrelas, pois íamos viver eternas primaveras.
Ratificando lembranças, nos agarrando ferrenhamente ao passado.
E que graça teria a vida, se não precisasse retificar a natureza,
Não teríamos assim, também, a festa das folhas no outono.
Não teríamos o dom da palavra pois o verbo seria o mesmo.
E os poetas imitariam os mesmos sons, as mesmas vozes.
Albérico Silva