MOMENTOS (Florescência) Incendiário
INCENDIÁRIO
Fila Sabino
Não quero ler a vida como Nero
Queimando até a cinza o clero
Do fogo já me basta o gelo
Queimando nos seus olhos se revelo
O amor, frouxa a rédea e solto
Galopa, em pelo, chamas flamejantes
Viceje-o sempre o ardente amante
No coito morno do fecundo colo
Incandesça o coração ausente
A latejante vela que o amor exulta
Arda em volúpia a insólita culpa
De quem algema o amor latente
A chama, centelha da vida acesa
Que o sopro do amor perpetua
Nunca em nosso ser construa
Cinzas... mas realce a beleza
Do amor pulsante do coração das feias
Luminância no afã dos ventres
Abrasando a intrepidez de amantes
Que no calor de se fazer semente
Dá luz aos olhos de seres chegantes
De sangue quente correndo nas veias!