5ª Sinfonia!
Um piano desafinado,
Ao menos parecia ser,
Sentiu-se desafiado,
Um homem que não sabia ler.
Não era nenhum João Carlos Martins,
Pianista e maestro brasileiro,
Mas mesmo assim,
Queria mostrar para que veio.
Roupa rasgada, cabelos deveras feio,
Que vergonha, pensei em devaneio,
Sentou-se confortavelmente,
No banquinho a sua frente.
Que comece a humilhação,
Reforcei minha opinião,
Alongou seus sujos braços,
E para frente deu mais um passo.
Irônico eu pensei, que comece a sinfonia,
Mesmo sem um público como companhia,
E foi quando para minha surpresa,
Veio a primeira nota sobre a mesa.
O que estava acontecendo?
É isso mesmo que estou vendo?
Beethoven e sua 5ª Sinfonia?
Era o que todo mundo ouvia.
E conseguiu o tal artista de rua,
Deixar minha alma toda nua,
E com vergonha eu fiquei,
Por ter julgado, eu lamentei.
E percebi que no final,
Quem estava sujo e mal vestido,
Parecendo até um mendigo,
Era minha alma afinal.