O ÚLTIMO POEMA
Mais uma vez acendo a lareira
porque meus versos estão tão frios!
E eu só quero aquecê-los...
Já é final de inverno,
mas inda me visto totalmente de lã:
coloco luvas, gorro, pantufas...
E fico esperando, esperando...
A poesia anda pela sala;
atiça o lenho no fogo...
Me olha de esguelha e eu me assusto tanto
porque penso que ela está ali,
bem na ponta de meus dedos...
Mas é que ela sempre escorrega,
pois meus versos não são tão sólidos.
Agora mesmo estão derretendo...
E vão deslizando por qualquer superfície.
E eu é que faço-me gelo dentre os fogos
congelando todas as palavras.
Vê? Inda agora tento agarrá-las.
Mas qual, elas fogem pela janela.
É que já não se sentem presas ao inverno...
E eu que as queria bem aqui no colo
tricotadas ponto a ponto,
percebo que nos separa uma quimera glacial.
É que lá fora já nasce uma flor
e meus versos já estão saturados do frio.
Somente eu não percebi...
Então, tenaz apago o fogo.
Dispo-me de todas as lãs.
Este será meu último poema de inverno.
( Oi amigos recantistas, aqui me despeço dos poemas invernais. Espero que tenham gostado e agradeço as leituras e peço desculpas por tê-los feitos aturar meus poemas melancolicos. Amo vocês. Até a primavera postarei poemas normais. Mas aguardem-me minha primavera... abraços e até...
( imagem : google)