OUTRO ADEUS
OUTRO ADEUS (Josias Teles)
Ares de brisa que toca alma leve
Olhar atento a remoção da terra fria
Úmida do orvalho da noite serena
Mas quente pelo sol ardente
Da manhã desse dia agreste
A profecia se cumpre calmamente
Os cumpridores do último ritual
Voltam a cena na frieza da função
De tirar dali o que sobrou intacto
Do último dia de choro terno.
Eu aqui, diante da grandeza e pequenez
De uma vida que deu vida a vida
O ontem e o hoje numa lição perfeita
O amor intacto num coração ferido
E a saudade numa lágrima contida.
Cumpre-se o ritual do adeus que não termina
Do traslado dos restos que não se acabam jamais
Do amor que não se enterra e que se guarda
Da lembrança viva do que nos alimentou
Da certeza da alma e da fé que suporta a dor.