Âncora
É oportuno regar as minhas raízes
Sussurrar às minhas folhas lépidas
Subir nas minhas galhadas intrépidas
E do alto da minha copa jogar a âncora
Para ter para onde voltar.
Mas abaixo do esteio é incerto
Sob as raízes, tudo é quieto
Antes construir as teias nos galhos
Que, inseguros e falhos
Ao menos consistem e existem.
Eles avançam para o céu, desorganizados
E respiram dele as folhas, como sonho realizado.
A alegria mordaz sob a luz quente
De um sol delinquente.
Busca no solo a verdade
E colhe dividendos da amizade
Mas sob as raízes, tudo é trevas
O subterrâneo que me alimenta
Tudo que se externa, segrega...
Difere e deserta.