Âncora

É oportuno regar as minhas raízes

Sussurrar às minhas folhas lépidas

Subir nas minhas galhadas intrépidas

E do alto da minha copa jogar a âncora

Para ter para onde voltar.

Mas abaixo do esteio é incerto

Sob as raízes, tudo é quieto

Antes construir as teias nos galhos

Que, inseguros e falhos

Ao menos consistem e existem.

Eles avançam para o céu, desorganizados

E respiram dele as folhas, como sonho realizado.

A alegria mordaz sob a luz quente

De um sol delinquente.

Busca no solo a verdade

E colhe dividendos da amizade

Mas sob as raízes, tudo é trevas

O subterrâneo que me alimenta

Tudo que se externa, segrega...

Difere e deserta.

Victor Yomika
Enviado por Victor Yomika em 31/08/2014
Reeditado em 01/09/2014
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