Vozes que não vemos

Que dizem as pétalas caindo sobre o obelisco,

Se são a própria suavidade e ele é duro, fixo?

Que opostos devem se encontrar, correr risco,

Que podem coexistir o lacônico com o prolixo?

Que diz a tempestade que forma em céu claro,

Enviando o arguto peregrino ao abrigo da gruta?

Que demanda paciência, um pequeno anteparo,

Abrigo que separa ao faminto da sonhada fruta?

Que dizem os grãos perdidos na pressa da fuga,

Que devemos priorizar aos bens maiores, talvez...

Ou será que a face do fado irá ostentar uma ruga,

Quando mirar de frente a caca que a gente fez?

Tantas vozes gritantes, mesmo assim escapam,

Pois, contemplamos as vestes do imperador nu;

Se pudesse abrir sinais aos que ouvidos tapam,

Mas, sou apenas um poeta, quisera, fosse guru...