As metáforas de uma ilusão.
As metáforas de uma ilusão.
Uma nuvem negra.
Paira no céu.
Anuncia-se uma tempestade.
O Sertão será invadido de água.
Mas o deserto permanecerá desértico.
O silêncio encobrirá a escuridão.
Outros anos virão da cegueira.
A definição da moralidade.
Nasceu do lado de lá.
Mas está aqui.
Como sombra da imaginação.
Anuncia-se o fim.
O indivíduo que morre.
Reside nele o gene.
Da perdição.
A replicação.
É o começo de um novo ser.
Permanentemente velho.
Como antes.
São os sinais da embriaguez.
A morte não poderá ser a morte.
Entretanto, não será a ressurreição.
Pois tudo que nasce.
É fundamentalmente velho.
Resultado da alienação.
De um espírito que nunca.
Teve alma.
Mas a intuição de uma sombra.
Dialeticizada pela lógica da adivinhação.
A vida é uma repetição.
Filológica.
Por caminhos tortos.
Perdidos em trilhos.
A loucura se repete.
No gene que subsiste.
Na permanência da substância.
Tudo é essencialmente velho.
Sem fim, sem perspectiva.
Fruto do desespero e da ilusão.
Quem morre, não morre.
Mas quem está vivo.
Não vive.
Da existência inexaurível.
Reconstroem os trilhos.
Da tragédia repetida.
O que se emerge.
Da nova vida.
Inaugura repetidamente.
Os sinais da perdição.
Um barco deslizando.
Sem direção.
A sua população.
Desconhece a trajetória.
Ao alto mar.
Como se fosse construir o céu.
Mas o que virá.
É o prenúncio do fim.
A celebração do desencantamento.
O sertão que transformará em deserto.
Desse modo consecutivo.
Permanece vivo.
As repetidas vidas.
A existência.
Ninguém saberá.
De onde vem.
Mas sabemos do início.
Sem proposição.
Aparência da eternidade.
Das reminiscências.
O mistério das metáforas.
Quem é ela.
Os segredos desconhecem.
Sabemos que haverá trovões.
Água cairá no sertão.
Entretanto, as caatingas serão caatingas.
A repetição dos sinais.
Interminavelmente.
O mundo será o mesmo mundo.
Quem é ela.
De onde vem.
O que sonha construir.
A não ser a loucura do mundo.
Como se fosse à fonte.
Em seus olhos brilham.
A meiguice da ilusão.
Novas existências.
O nada construído.
No substrato.
Do autoengano.
Melancolicamente.
O desespero do último instante.
A indelével caverna.
O céu dos deuses ingênuos.
Como se fosse.
O brilho das estrelas.
Mas o que virá.
Será o caminho da destruição.
Edjar Dias de Vasconcelos.