Esconder-se do tempo, na chuva.
A chuva torna irmãos
todos que nela se abrigam.
E debaixo de um pé d'água
todo corpo se iguala, subitamente.
O trapo remendado e o paletó de seda;
a pele nova e o couro flácido;
a pobre criança e o filho do rei;
o cabelo enrolado e o outro liso;
os olhos castanhos, os verdes,
os azuis e todo o restante:
estão todos molhados.
Debaixo da chuva toda face
escorre pseudo-lágrimas,
para que se lembrem
que a alma já não está encharcada
depois da chuva.