Esconder-se do tempo, na chuva.

A chuva torna irmãos

todos que nela se abrigam.

E debaixo de um pé d'água

todo corpo se iguala, subitamente.

O trapo remendado e o paletó de seda;

a pele nova e o couro flácido;

a pobre criança e o filho do rei;

o cabelo enrolado e o outro liso;

os olhos castanhos, os verdes,

os azuis e todo o restante:

estão todos molhados.

Debaixo da chuva toda face

escorre pseudo-lágrimas,

para que se lembrem

que a alma já não está encharcada

depois da chuva.

Felipe Conti
Enviado por Felipe Conti em 24/08/2014
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