Quantia Certa

Ter um terço em mãos

Ou mesmo que o dobro disso

Me divide em tantos

Me torno dobradiço.

E a metade abandonada

Daquilo que sinto

Não resulta em nada

Que não seja pouco.

Em cálculos não minto.

E o ouro, entre poucos dividido

Sobra, não tem valor

Pois abundância sim

Tem síndrome de menor teor,

Vaga importância.

Quantidade certa, desmedida

Nada além do essencial,

Falsamente motiva em mim

O primordial

Do esperado sal

Lavado em mar,

Comparado e só

Ao meu salgado olhar.

Quero quantia exata

Para me perder em contas

Daquele pobre terço

Não saber ao certo

Quem de fato deve o quê e quanto

De tudo aquilo que só parece tanto

Mas que de reza, já está gasto

Encostado num canto

Orando ao santo, perdido.

Compartilho em mãos,

O ponto molhado, o pranto

Da fé diluída em mim,

Do céu tão distante, nanquim.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 21/08/2014
Reeditado em 29/03/2017
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