EU MESMO
EU MESMO
Alcei vôo...
No delírio ardente
De uma imagem pálida
De um pobre sonhador
Nos sonhos dele:
À noite nos hálitos da aragem
Á luz da lâmpada sombria
Olhos negros fitavam-me
Enlevado tocando harpa.
Num momento profundo de significação
O estranho sorriu como se me esperasse
Frio impertinente gelava-me as mãos
Lutava por quebrar aquele torpor que me imobilizava
O tempo corria célere galopando nas horas fugidias
Ele dedilhava a harpa absorto em seu mundo
Quem era ele?
Que poder exercia sobre mim?
Sentia-me perturbado
O diálogo parecia impossível
O ar cantava leves murmúrios
Subitamente num átimo de segundos
Fitei aquele rosto que parecia comigo
E deparei-me com a própria realidade... Eu mesmo.
Escrito por Clemilza Maria Neves de Oliveira