Disfarce
É possível que alguma poesia até ocorra,
alguns ilógicos versos voltem ao trampo;
Afinal, se um poeta sofre na masmorra,
Sua alma voa solta por sobre o campo...
Nem tudo está solto como pode parecer,
O franco, aliás, acaba apreciado pela veia;
o sangue sendo o combustível de viver,
Bombeia seu antídoto contra a sina feia...
Esse equilíbrio de forças acaba sendo vital,
Meio termo entre a euforia e a depressão;
a amara sina nos puxa para o vale do mal,
e o dom forja algum bem só por emulação...
“ Jennifer quer ser uma agente da polícia,
Leva jeito, vai que ele consegue, enfim;
Resta virar bandido organizar uma milícia,
Pelo prazer de tê-la correndo atrás de mim”...
Viram no pequeno exemplo o alvo, a meta,
a uma dor saneadora qual choro e catarse?
Assim, parece-me, são as feiuras do poeta,
ama o belo; más escolhas são só disfarce...