Põe pra fora
E quando o estômago dói e a boca amarga,
a cabeça gira e nauseada choras
as mãos em sincronismo esfregam-se e suam
o peito explode e o corpo treme
Põe pra fora!
Sim, põe pra fora!
Rasga a alma em lágrimas
E faz da dor um verso.
Confessa tuas fraquezas
e respeita os teus limites
Põe pra fora o que te aflige e atormenta
Escreve, escreve, escreve...
Põe pra fora os tristes sonetos
Violenta o papel com tua áspera caneta
Liberta os teus "eus" maltratados
Põe pra fora
E clama aos poetas que te perdoem
pela falta de inspiração
pelo excesso de amargor
Pelas infames exclamações
Vive o teu luto e clama aos céus
Perdoa-te!
Perdoa todos os teus medos
Perdoa a tua contínua falta de tempo
Perdoa a alma cega e inerte
Que paralisada não sabe pra onde ir
nem como chegar.