Velório

Velório

Era o dia dele.

Havia sussurros e murmúrios.

Na sala um velho quadro.

Era a pintura de uma igreja europeia...

Abaixo o corpo estendido.

O cheiro das rosas e das velas

exalavam-se pelo ar.

O choro baixinho da viúva.

O ruído do circulador de ar

parecendo o som de um avião,

levava sua alma para as

recônditas conversas

e opiniões sobre ele.

Os passos silenciosos pela sala

caminhavam em ziguezigue,

misturando-se ao choro de uma criança.

Tudo mostrava o ir e o vir

dessa enfadonha vida.

O circulador de ar continuava intrépido.

Não emitindo o vento

do mal ou do bem,

mas somente um vento

que carregava o cheiro

das rosas

das velas

do perfume das velhas.

Marcando o tempo... a não-vida,

levando sua alma

para os confins das memórias finitas.

Marco Antônio Pinto
Enviado por Marco Antônio Pinto em 14/08/2014
Código do texto: T4922981
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