Velório
Velório
Era o dia dele.
Havia sussurros e murmúrios.
Na sala um velho quadro.
Era a pintura de uma igreja europeia...
Abaixo o corpo estendido.
O cheiro das rosas e das velas
exalavam-se pelo ar.
O choro baixinho da viúva.
O ruído do circulador de ar
parecendo o som de um avião,
levava sua alma para as
recônditas conversas
e opiniões sobre ele.
Os passos silenciosos pela sala
caminhavam em ziguezigue,
misturando-se ao choro de uma criança.
Tudo mostrava o ir e o vir
dessa enfadonha vida.
O circulador de ar continuava intrépido.
Não emitindo o vento
do mal ou do bem,
mas somente um vento
que carregava o cheiro
das rosas
das velas
do perfume das velhas.
Marcando o tempo... a não-vida,
levando sua alma
para os confins das memórias finitas.