O tempo

O tempo

Aquele devastador das horas, o que me traz a velhice e a velhice que mais me perece ser a infância. Já não tenho controle das pernas, da minha bexiga e do meu intestino.

O tempo que só não consegue enxugar minhas lágrimas da saudade de outrora.

O tempo que sem Alzheimer não consegue apagar minha memória.

O tempo, tão cruel e tão bom. Vagas numa trajetória expansiva e tem na minha esperança o sentido da contração. Porque dolorosas são tuas marcas, sem piedade me deixa mais leso, mais besta. E com tanta experiência na vida não conseguir burlar-te.

O tempo que, de tic-tac em tic-tac, consome meu futuro e apaga meu passado deixando meu corpo e minha cabeça tão distantes de si.

Viajo em teu pulsar e em teu rumo! Vou sempre reclamar de teu imenso poder. Oh, tempo!