Coelho?

O coelho entra na gaiola.

Coelhos ficam nas gaiolas?

Não ficam, ficam, vai saber. Mas este estava.

Ele observa sua cenoura, e a come. Outros coelhos se aproximam dele. Mas, ele não divide a cenoura, a cenoura é dele.

O coelho sai da gaiola.

Coelhos saem da gaiola?

Ficam, não ficam, vai saber. Mas este sai.

Ele procura uma cenoura, não a acha, não a come. Passa um dia fora do seu lar. Até finalmente achar uma cenoura, ele se aproxima dela, e não a come. Não dividem a cenoura com ele, a cenoura não é dele.

O coelho não quer voltar a gaiola.

Coelho gosta de passar fome?

Não.

Mas esse era diferente, não era um coelho comum, não ligava para o tempo, não queria saber do relógio, muito menos da Alice.

Não precisava da cenoura, ele imaginava a cenoura, uma cenoura só dele. Para que voltar a gaiola, se ele podia imaginar, e criar tudo que quisesse em sua mente.

O coelho não percebe o quanto está fraco, ele tenta voltar para sua gaiola. Lá dentro, ele tem suas cenouras, mas não as quer mais, porque?

Só então, percebeu que nunca havia estado na gaiola, nunca havia estado preso, nunca havia estado solto, era somente ele, consigo mesmo.

Mas, ele preferia assim, preferia estar, no mundo do coelho, onde ninguém poderia o alcançar. Mas, quem disse que ele queria?

Viu? Não viu? Real? Quimérico? Ser? Não ser? Cândico? Umbrático?

Não é, é sim. Vai saber.

Coelho louco este.

D S Paz
Enviado por D S Paz em 05/08/2014
Código do texto: T4910769
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