Palco Intimista

Pálidos vultos vagueiam incansáveis

Pela diocese do meu pensamento,

Talvez em pesquisa das ladainhas

Que perlustram de forma afrodisíaca

Veredas desenhadas ao longo dos anos...

Meus sacramentos sensuais são etéreos,

Dogma algum deixo tripartido, às avessas...

Num catecismo de sensibilidade crio preces

Que me elevam aos pedestais do infinito

E, de repente, sinto-me preso ao Paraíso...

No Éden há provações que são letais pecados,

Então ajoelho-me perante as misericórdias

E enxergo minha sombra altruísta em êxtase

Suplicando aos deuses de minha mitologia

Que me cedam o barco da solidariedade...

E velejo solitário nos mares das circunstâncias,

Vez por outra tenho de levantar alhures as velas,

Pois, fico a mercê do enxerimento das procelas

Que tentam desviar-me de aveludadas estradas

E jogar-me de maneira homicida diante das vagas...

Os perigos ficam encarcerados na mente sã

E, um a um, vou vencendo obstáculos de reflexão,

Chego à terra firme do raciocínio liberto dos males

Que ousaram entravar minha comunhão litúrgica,

Contudo os vultos fenecem desapropriados de mim...

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 24/07/2014
Código do texto: T4894934
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