Ex-Vangelho

No princípio era o Verbo, no fim é verba.

Pra descolar um qualquer,

Como dançarina de cabaré,

Toda a cúria requebra.

Amém!

Acumule bens... Triplique ou dobre.

Retém,

Não venda tudo o que tens... Para dar aos pobres.

O que recebeste de graça,

De graça não dê.

A comunhão não passa de uma farsa,

O amor é démodé.

A verba se faz carne e habita em nosso meio,

É a diva o devaneio... Nessa imensa catedral.

Ao evangelho quem faz jus?

Não há facho de luz... Nem gosto de sal.

Vosso Jesus,

É aquele louro de olhos azuis... Na parede da sala.

Te poupa da cruz e de outros poréns,

Somente o que te convém... Ele fala.

Direita, esquerda,

Vereda... São duas.

Anátema seja,

Quem despeja... Pejo às páginas tuas.