TREM DE VIÇOSA
Por:Tânia de Oliveira



Piuí..Piuí...Piuí 
A Maria Fumaça Trem de Ferro 
Vem chegando na lembrança

Da estação de Viçosa assobiando
Trazendo tudo do meu tempo de criança
Com seu barulho estridente de rodas
Com recordações pra me encantar
Recordo papai todo orgulhoso
Bem vestido pra viajar
Ia a trabalho, tinha negócios
Com sua pasta velha de couro 
E seu chapéu de jabá
Viajar de trem para ele era ouro
Eu ficava ali quietinha
Esperando o som do sino anunciar
E o trem vinha potente pelos trilhos
Mais diminuindo devagar

Piuí...Piuí ...Piuí...
Sempre manhoso a cantar
As crianças se alvoroçavam
E eu no meio delas a cantarolar
E na despedida se abraçavam
Nada no mundo era melhor
Do que naquele trem alguém subir
Amava ver, a saída da cidade
Acolhendo todos, e o povo a sorrir
E a linha onde cada roda deslizava
Fazia minha cadeira estremecer
Eu encantada espiava e acenava
E o povo da roça, corriam só pra ver.


Piuí... Piuí... Piuí...
Assim passava o nosso Rio Paraíba
Cheio de pedras, caudaloso, comprido
Passava as roças, casinhas, fruteiras,
Ora era noite e o povo estava dormindo
Passavam árvores frondosas
E vistosas roupas de mulher
Estendidas em arames
Nas casinhas de sapé
E o trem de ferro Maria Fumaça
Corria sempre ... sem dar voltinhas
E em cada estação que parava
Levava o povo das cidades vizinhas
Ia gente rica, ia gente pobre, 
Quer fosse José quer fosse Maria
Eu mais que feliz dentro dele
Acenava para todos, e sorria!
...........................................
Piuí...Piuí...Piuí...
O Trem de Ferro era forte
No movimento da Economia!


***



NOTAS:


HISTÓRICO DA LINHA VIÇOSA- PORTO REAL DO COLÉGIO

O ramal do Colégio, que somente tomou este nome quando atingiu a estação de Porto Real do Colégio em 1950, foi aberto aos poucos a partir da estação de Lourenço de Albuquerque, na linha Recife-Maceió da Great Western. Em 1884 estava em Urupema, em 1891 avançou até Viçosa, em 1912 em Quebrangulo. Somente em 1933 chegou a Palmeira dos índios, para somente 14 anos depois recomeçar a sua marcha para o rio São Francisco, onde chegou em 1950. A ponte com a cidade de Propriá no Sergipe somente foi entregue em 1972, facilitando a passagem dos trens, que antes passavam por barcos e balsas. Em 2000, a queda de uma ponte e de barreiras no ramal o interromperam até 2007, quando se começou a fazer a recuperação do ramal pela CFN, concessionária do trecho desde 1997. Os trens de passageiros não existem mais desde por volta de 1980.


O algodão chega a Viçosa para carregamento, em 1906 (Autor da foto desconhecido).
 (IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. n, 1960).


ESTAÇÃO:
A estação de Viçosa foi inaugurada em 1891.
Foi ponta de linha por 20 anos, até a estação seguinte,
a de Anel, ser aberta ao tráfego em 1911.
A linha está em total abandono no município desde a privatização, em 1997, que piorou com a queda da ponte em Lourenço de Albuquerque, em 2000: em 2009, "o governador (do estado de Alagoas) também falou sobre a garantia de construção de outras 100 habitações no município (de Viçosa), para que as famílias que construíram suas casas em cima dos trilhos onde será reativada a estrada de ferro, possam ter onde morar. 'A (reconstrução da) estrada de ferro está vindo de Porto Real do Colégio e vai até Palmares, em Pernambuco, voltando a ligar Alagoas à Transnordestina e ao Sul do país. O Estado ficou incumbido de desobstruir a passagem dos trilhos e as famílias vão ter que sair de lá', explicou" (http://gazetaweb.globo.com).

Já em 2012... "Viçosa é um dos mais belos municípios de Alagoas e a ferrovia fazia parte de sua história. Hoje a ferrovia é total abandono, sua estação se degrada com o tempo e tudo que foi vivido nos tempos áureos do trem vai se apagando na memória e na lembrança da cidade, infelizmente, não há nenhuma boa vontade de prefeitos e políticos em resgatar esses tempos.
Tudo vai se apagar!!!
" (Claudio Vitoriano, 18/3/2012).

(Fontes: Cláudio Vitoriano;
http://jcvasconcelos.blogspot.com; http://gazetaweb.globo. com;
IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. n, 1960;
Guia Geral de 1960;
Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)

 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 21/07/2014
Reeditado em 23/01/2018
Código do texto: T4890013
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