Um tal mendigo
E eu aqui descalço pés cansados
De vagar procurando um paraíso...
Uma terra de esplendores e de riso
Um oásis aonde eu durma sossegado
E eu caminhei nas vagas pelo tempo
Dormi com bêbado lerdo ao relento
Sem comida sem paz de mãos atadas
Num frio da madrugada e seu vento.
E eu quando me dei conta nu estava
Uma fome uma tristeza sem palavra
Estirei minha mão pedi uma esmola
E busquei numa sombra o que restava.
E eu me perdi sem nada vezes nada
Um ser inútil que vagava sem parada
Sem sentimentos felizes e humanos
Vaguei na vida com meus desenganos.
E eu que sou cidadão sem documentos
Sou indigente sem sus sem fundamento
Como cachorro de rua sou repudiado
Sou um traste de casta baixa abandonado.
E eu nem sei da família que se perderam
Meu amigos são zumbis vagam alheios
Só pensam em comida famintos e feios
Ando vagando perdido e incerto.
E eu que futuro me virá se sou dejeto
E sei que o mundo é indiferente a mim
Talvez após a morte eu tenha um bom fim
Num Paraiso preparado p'ros sem teto.