GANANCIA

Ganancia
Do homem que desmede tudo
Em nome da sua medida
Desmedidas ilusões
Dos que acreditam no Estado
E cobrem a terra de cana
Matam, destroem, impossibilitam
Das desmedidas ilusões
Dou dez medidas
Só do cerrado
Cantado por gente
Por bichos
Nos gritos da seriema
A morte se espalha
Olho os canaviais e lamento
Foi simbora a guavira
Foi o araçá
A flor rasteira do campo
Até o lobo guará
Os ovos da ema nos ninhos ao chão
O pé de ariticum
O pacato tamanduá
Nem mesmo o ipê
Nem mesmo o pequi
Sobrevivem aos desmandos
Da ganância do homem
Hoje os canaviais
Só os canaviais
Da guavira eu provei
Outros tantos também
Teremos lembranças
Talvez
Quem nunca provou
Jamais saberá
Que gosto o cerrado tem!...
Dario Trachta
Enviado por Dario Trachta em 09/07/2014
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