Bola pro mato

O melodrama de chorar malquerença,

Deve trazer alívio para ter uma razão,

Mas, se não trouxer, qual a diferença,

bradar contra o vento e contra o não?

Seria talvez, válvula de escape da ira,

Onde violência reveste-se de drama;

Ou um espírito malévolo que inspira,

Acende e agiganta a espessa chama...

Se essa brasa do desejo não cessa,

Resta botarmos poemas pelas mãos;

Acontece que a pele arde, tem pressa,

Que a dita maré alta encontre a vazão...

O bom siso isenta-se qual fez Pilatos,

Tesão, desejo, quimeras, soam loucos;

pressa chama ele descalça os sapatos,

A loucura grita ele faz ouvidos moucos...

Aí vemos a bola sendo jogada no mato,

Ferimento aberto evitando a cicatriz;

O doido desejo não quer ser sensato,

Só acredita que pode, e quer ser feliz...