O berrante

Se desse para a gente cerrar a torneira

Da crassa baboseira que tanto nos invade

esperando que brotasse a água profunda,

Enquanto não, déssemos um pé na bunda,

Das falas que turbam o silêncio da verdade...

Mas, temos vero pavor à sobriedade silente

Na média optamos por barulho oco, aposto;

Silêncio tem sua mania de desafiar a gente,

A ruminarmos frio o que comemos quente,

Quando falamos “me engana que eu gosto.”

Assim selamos, incautos , o valor que não é,

Nos Prostramos ante o ladrão, errada cruz;

Lhe declaramos inocentes nossas dores e fé,

sons absorvidos esparsos dentro do banzé,

Fogo donde haurimos calor, mas, nunca, luz...

O enganoso berrante agrega a manada louca,

Como se o toque intenso chamasse à graça;

véritas nos chama a anuência é tão pouca,

Mentira sobre multidões exercita sua boca,

falta discernimento pra amarrar a mordaça...

o motivo do descaminho lhes segue ignoto,

nem notam, aliás, se erram com as multidões;

andando contra Deus para Seu lado canhoto,

Ele que nos deu razão como confiável piloto,

Mas, ouvimos o diabo que guia com comichões...