Um momento sincero; autobiográfico
O copo está vazio
E quem liga para isso?
Embriagado ou não,
eu me sinto o mesmo...
um estrangeiro – Salve Meursault -
Rimas baratas só servem para encobrir
toda verdade
que os poetas nos escondem
que os filósofos tentaram procurar
que o psicólogo em vão me fez engolir
fazendo-me em sequência vomitar
- aquela droga manipulada -
Tornar-me inimigo de mim mesmo e ser menos prolixo
é um desafio
Vou escrever agora linhas menos importantes ainda que as anteriores
Com um verso, eu poderia dar síntese a todo meu estado de espírito
- como se você se interessasse -
só que odeio aforismas
Direto, alá velho Bukowski, enfiar a maleta conteudística no orifício deles e,
cortar com palavras rasas no espelho, lá vai:
“- Só...”
Som fonético engraçado
Dá para puxar com dó
Tenha paciência e isto não vai fazer você chorar
ou se identificar, rir, beijar-me ou amar-me
Em suma, nada
Vai continuar como estás
Sinta-se à vontade para abandonar
Silêncio!
Uma colherada de drama
Prometo não apelar
Dispenso o crucifixo da moral e razão
Eu poderia estar ali com eles
Em Sodoma e Gomorra,
Jerusalém ou Bogotá
Quiçá em Londres, Caracas ou Chernobyl
Se as correntes da incerteza e as reflexões da noite,
não torturassem e ferissem com um açoite
Se o peso da minha liberdade não fosse tão caro
Enfim, além dela, o que há mais?
Por que se estás livre,
venha então me libertar!
Ou me amaldiçoar
fustigar, acariciar, envenenar, torturar,
me render sua carne quente para fazer tudo – ao menos o minuto - ignorar
e, quando for embora,
encha o meu copo vazio