Bones
A ilusão é uma estrada deserta,
Que põe uma meta pra não chegar;
fazendo-nos supor, ainda aberta,
Uma porta que recusamos fechar;
Enquanto a sensatez segue a dieta,
Nossa tolice só consegue engordar...
Sim negamos a morte ante o esquife,
Nesse traiçoeiro apego meio infantil;
Achamos que o destino foi um patife,
E em breve vai fraquejar, esse senil;
Enquanto fantasia nos coloca chifres,
Realidade se insinua num jeito sutil...
Exumando as águas do velho moinho,
Gastamos muito dos talentos nossos;
Como se isso mostrasse um caminho,
De rebrotarem veias em mortos poços;
Outra pele se insinua pedindo carinho,
Seguimos quais peritos, estudando ossos...
Resta darmos um ajuda ao gol e à meta,
Que caia a outra chuva, logo me molho;
Se uma nova carne meu destino espeta,
Tempero salada, com vinagre, sal, e óleo,
Que “venga El toro” a plateia tá inquieta,
o toureiro excitado, com sangue nos olhos...