Profilaxia

Esse dúbio coração bi-cromático

Padece sob o peso do equívoco;

em poemas se expressa intrépido,

na real sempre se guarda tímido...

às vezes tropeça em erro estúpido,

quase como obtuso e anencéfalo;

pois nem sempre entende rápido,

porquê viver esse destino ríspido...

há horas que esperança é o píncaro,

outras desespero forja um túmulo;

baila entre opostos qual pêndulo,

sem achar meio termo, é o cúmulo...

brota um poema em cenário tétrico,

quase nunca num vergel bem vívido;

a represa da carência o faz elétrico,

da bonança ignoro o peso anímico...

prefiro isso a forjar um meio, cínico,

estar nos cascos e posar de pacífico;

sinceridade vejo como modo único,

de me manter em bom estado clínico...