EU MESMA
"Estou morrendo em uma terra chamada eu mesma...
Na escuridão de meu ser dormi a semente latente para sobreviver...
Nela descansa os nutrientes necessários para florescer.
Na terra escura do meu eu, não existem vozes que me ouçam, só a minha...
É uma guerra sombria, cruel, onde sou abalada no meu adormecimento, gerando perturbação e desconforto.
Não vejo estruturas que possam apoiar-me... As paredes tem limo, escorregadias como areia movediça.
Vivo igual uma loba enfurecida, mas só ouço ecos...
Sou eu dentro de mim, pedindo para nascer.
Na estepe monótona, no deserto árido, no continente gelado, só há um protoplasma gelatinoso e transparente pedindo para nascer... nascer... nascer...
Teofania!
Pego-me nas incógnitas das origens e no incompreensível dos fenômenos de mutação.
Preciso morrer...
Ambiciono as dimensões do universo e a voz de Deus em mim.
Os arraiais das emoções torpes calam-se.
Banham-me de sol, e a paz vitoriosa, estabelece normativas de felicidade em mim.
Processo lento, cruel, escuro, solitário...
Mas que tenho direito de lobrigar os mais amplos descortinos para uma jornada imortalista..."
Escrito por Clemilza Maria Neves de Oliveira