Diatribe à solidão
Quem observa de longe à solidão,
Até pensa que essa vadia é bonita;
Como se fosse rocha nosso coração,
Ou melhor, a poderosa Kriptonita;
Quanto mais se tenta deixar a prisão,
Mais guardas coloca, sobre a guarita...
Os poemas belos que solitude exporta,
Não são filhos dela, convém que se diga;
Inspiração e dom que circulam na aorta,
Os fatos dizem, pare! Eles ousam, siga!
Afinal, todo açúcar derramado na porta,
Não rebusca o amor, só atrai formigas...
Nem formicida ou mesmo água quente,
Conseguem limpar essa sala repleta;
Falamos de Maria e é Joana que sente,
Como se nossa bola buscasse tal meta;
Veem príncipes em soturno ambiente,
No fim , um poeta só, é só um poeta...
Se alguém imagina que a solidão cria,
direcione a lupa onde o dom não habita
após umas miragens no Saara da poesia,
o oásis dos ébrios vai surgir enfim, na fita
são só lapsos imensos que essa propicia,
poeta esculpe o belo, quando sede palpita...