Cronos, lógico
Essa mania de esperar sempre por nexos,
Como se devendo harmonizar forma e cor;
Às vezes é muito tarde pra reparar lapsos,
E o coração sequer espera ser restaurador,
Nem sempre do encontro de dois sexos,
O que resulta é mesmo um fruto do amor;
Quiçá eram apenas dois fugitivos relapsos,
Cujo tesão era o carrasco e perseguidor...
Fugindo desse qualquer um se faz dócil,
Doçura pra vender e claro, doçura pra dar;
Um frágil pretexto se encaixa bem fácil,
Nesse encontro natural da areia e do mar;
Cronos, o tempo, aquele que faz o fóssil,
às vestes do engano se põe lento a rasgar,
e nas lições de vida que nos ensina grácil,
amor e paixão nos mostra como separar...
Nem sei se expor a diferença é agora o caso,
Quem viveu ambos já sabe bem qual é qual;
Paixão é tempestade que esmaga seu peso,
Amor é refrigério brisa amena, fiel, e leal;
Aquela, sabemos , é pequeno o seu prazo,
Que vencido dá azo a ciscar n’outro quintal;
Amor verdadeiro jamais serviria o desprezo,
Tampouco vence o prazo, pois, é atemporal...