Não tem título, não

Por que serei, eu,

meus dedos?

Quem Dera, (Deus?)

e quem dera a (D)eus

que os sentidos mais que sentidos

alcançassem

sem sentidos, fossem sentidos

e eu não preconizasse nada.

Trago para comigo as conotações que compreendo

ou que ao menos suponho entender

já que tudo é uma suposição

e estou em vão

digitando o provérbio do "vou ser".

Não tem título, não

não tem título não.

("this world outta here,

is lonely and cold").

Estou fadado ao meu preconceito

fadado à grade da psicanálise

que Lacan (tentou-nos) ensinar

Fadado a fartar-se

de nada

sem fardas, fardado

ao desenho do outro que faço para mim mesmo

ao desenho da imagem que pintei para mim mesmo

ao desenho da tela branca e não pintada

Fui registro, marca-não-registrada?

O outro é o outro!

Já disse, eu já disse;

O outro é o outro!

Teço versos porque versar é a confissão

de que a vida - inteira - não basta.

Ela é indireta

nalgum desenho dos equilibristas

dos artistas,

dos atletas

dos poetas

que inté a data de hoje, mal sabem com quem falar.

(era tudo mais importante que correr

corria e ia, e ia, e ia, e ia)!

Não tem título, não

não tem título não.

Estou fadado a mim

ou a fadar-se de mim.

Meus olhos só veem até a lonjura de um palmo

meu ouvir iça velas para todo salmo

que quando mais nada calha

nem vem a calhar

farto-me de ti

sem mais nada esperar.

Renomado fui assim

prisioneiro retido a mim

Não tenho título, não

é meteorito que explode

e que nunca vai mudar.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 15/06/2014
Reeditado em 15/06/2014
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