Não tem título, não
Por que serei, eu,
meus dedos?
Quem Dera, (Deus?)
e quem dera a (D)eus
que os sentidos mais que sentidos
alcançassem
sem sentidos, fossem sentidos
e eu não preconizasse nada.
Trago para comigo as conotações que compreendo
ou que ao menos suponho entender
já que tudo é uma suposição
e estou em vão
digitando o provérbio do "vou ser".
Não tem título, não
não tem título não.
("this world outta here,
is lonely and cold").
Estou fadado ao meu preconceito
fadado à grade da psicanálise
que Lacan (tentou-nos) ensinar
Fadado a fartar-se
de nada
sem fardas, fardado
ao desenho do outro que faço para mim mesmo
ao desenho da imagem que pintei para mim mesmo
ao desenho da tela branca e não pintada
Fui registro, marca-não-registrada?
O outro é o outro!
Já disse, eu já disse;
O outro é o outro!
Teço versos porque versar é a confissão
de que a vida - inteira - não basta.
Ela é indireta
nalgum desenho dos equilibristas
dos artistas,
dos atletas
dos poetas
que inté a data de hoje, mal sabem com quem falar.
(era tudo mais importante que correr
corria e ia, e ia, e ia, e ia)!
Não tem título, não
não tem título não.
Estou fadado a mim
ou a fadar-se de mim.
Meus olhos só veem até a lonjura de um palmo
meu ouvir iça velas para todo salmo
que quando mais nada calha
nem vem a calhar
farto-me de ti
sem mais nada esperar.
Renomado fui assim
prisioneiro retido a mim
Não tenho título, não
é meteorito que explode
e que nunca vai mudar.