Poema do Futuro
Seu som não comove mais.
Abandonado sobre a relva sua dignidade se foi.
É bem assim... com o passar dos anos se esquece o som.
Com o passar do tempo não faz mais falta.
Antes era alegria, agora empecilho.
Outrora trouxe paz; hoje provoca raiva.
Como um piano velho assim me sinto.
Sozinho, perdido, abandonado.
Não produzo harmonia, somente desencanto.
O passar dos anos destrói as notas delicadas.
O que sobra?
Memórias de um piano que por muito tempo foi tocado.
Alegrou almas e o tocante agora enferrujado.
Dispersou tristezas enquanto se gastava no palco.
Mas para que serve a vida?
Se não para ser usada em vias do belo?
Desgastei-me por amor. Não me importo de ser abandonado;
Afinal toquei o que há de belo...
os corações dos que abandonam o passado.