Fingimento do mundo.
Fernando Pessoa.
O poeta é um fingidor.
Não sei fingir.
Talvez fosse um enganador.
Mas enganar a quem.
A mim mesmo.
Não farei.
Conscientemente.
Por uma simples razão.
Não sei diferenciar.
A mentira da verdade.
Porque ambas são proporcionais.
A si mesmas.
E se não consigo fingir.
Como devo fugir.
Completamente iludido.
Como escreveu a vossa pessoa.
Escondendo a dor.
Mas qual é o seu sentimento.
Quando finge que sinto.
Também.
Não sei sentir.
O que deverias tu?
A linguagem que o poeta.
Não se entende.
Esconde seu medo.
Fingir o que?
O sentimento do hidrogênio do sol.
Foi você.
A onda do foco.
Quem consegue ler.
Não se compreende.
A verdade que pensas.
A dor metafísica.
A onda do fingimento.
A luz do sentimento.
Os que lêem os dizeres.
Das linguagens ocultas.
Sentem se bem.
Não aos seus sinais.
Imensuráveis.
A madrugada.
Acordastes sob o evento do tempo.
De duas, uma.
O silêncio sussurro
Da água da bica.
Quantas noites.
Despontavam depois.
Vossas recordações.
O mundo dos deuses.
Infrutíferos.
Entre uma ou outras.
Coisas.
Mas somente eles sabem.
Das metades metafóricas.
Em outra tarde.
Resolveram.
Entenderás o ciclo da morte.
As letras serão.
O olhar incutido do infinito.
O brilho dos universos contínuos.
A cegueira da razão.
A voz trêmula.
E ondulada
Aos gritos das nuvens.
Nessa madrugada.
Suspirando a distância.
O último sonho.
Como mentir ou fingir.
Senhor Fernando.
O que devo dizer.
O sentimento do silêncio.
Outros dias.
Tiveram que passar.
Na solicitude.
O que teria que dizer.
O tempo estava distante.
Não tinha voz.
Nem mesmo ouvido.
Apenas o entretenimento.
Da linguagem.
O comboio de desfilamento.
Os olhos solitariamente.
Começaram a fechar.
Como uma onda do mar.
Que chegava a praia.
Não teria como voltar.
A não ser consecutivamente.
Criar outras.
E outras.
Sem parar.
Repetindo o movimento.
Sem sonhar a imaginação.
Acalmando o coração.
A terra não pára de girar.
O mundo é desse modo.
Alguma coisa teria.
Que ser revelado.
Era a chama descritiva.
Mas você não acreditaria.
Senhor Fernando.
O tempo passou.
O fingimento fugiu.
Restou uma sombra.
Inexaurível.
Que escuta as madrugadas.
O canto sonoro das estrelas.
E finge no silêncio da intimidade.
A normalidade da irracionalidade.
Esse foi o vosso mundo.
O meu mundo.
E será o mundo deles.
Edjar dias de Vasconcelos.