As significações da imaginação.
As significações da imaginação.
A vida é um devir sem fluxo.
Litigável.
Uma dialética sem contradição.
Um tempo distante.
Um ser que não pode ser.
Proposição obscura.
No silêncio do insignificado.
A natureza ilógica.
O passa tempo da existência.
Finalidade sem objetivo.
O delírio do entendimento.
Monômio.
O que é a morte.
Apenas a mudança de estado.
O princípio determina-se pelo nada.
O efeito da natureza.
Néscio as possibilidades.
A espécie que um dia se acaba.
A quantidade de uma coisa.
Que vai, que vai e, um dia termina-se.
Como se nada tivesse existido.
A morfologia etimológica.
Quando ninguém poderá pensar.
No próprio passado.
Acaba-se a imaginação.
A matéria das matérias.
Os medos somados.
Razões parceladas.
E ideologizadas.
Idiossincrasias.
Todas as coisas.
Que estavam em minha pessoa.
Ficaram perdidas em fórmulas.
De partículas químicas de átomos.
Inexauríveis.
No universo inteiro.
Sou apenas um pedaço dele.
Essa parte é a minha eternidade.
Cosmo, poeira estelar e galáxias.
Miríades destinadoras.
O que é interessante.
Ser o resquício da luz do hidrogênio.
Das estrelas e sóis.
Mundos inteiros também perdidos.
Indelevelmente.
Em meu ser que deixa de ser.
A ilusão do deixar e do ser.
O inverso da minha existência.
E o brilho apagado da luz.
A ternura lexicológica.
Do reflexo indefinido.
Que perdeu se na imensidão.
Dos milhões de buracos negros.
Energias escuras.
Que definem o futuro do infinito.
Estólido.
Solitariamente.
Como se não fossem apenas.
As referências de tais partículas.
O que é o cosmo.
A não ser a eminência da vossa morte.
O ser que delira no perder-se.
E a escuridão que deseja redefinir.
Como luz.
Estou preso na solidão do nada.
A minha matéria derrete e acaba.
Como posso imaginar paraíso.
Deuses e ressurreições.
Peremptórias.
Quando sei que o espírito é apenas.
O fragmento da minha linguagem.
O sonho perdido na imensidão.
Do infinito.
Como se fosse possível o brilho
Dos sinais veleáveis.
Estou em um ponto.
Possivelmente perto de mim.
Ao mesmo tempo distante.
O ponto é uma referência dele mesmo.
Da ausência do entendimento da proximidade.
Fascina-me o insignificado.
O primordial caminho anacrônico.
O destino comum das coisas.
Existo porque existe a natureza.
Nada além dela.
A morte um equívoco das partículas.
A matéria não morre.
O espírito não existe.
Se existisse não serviria para nenhuma coisa.
Sabe o que seria o espírito.
Em um possível paraíso.
Uma bela estátua no pensamento.
Construída de mármore.
Esparsa ao interminável espetáculo.
A alma não pode ser punida.
O tempo todo olhando os mesmos atos.
Deus não teria feito o homem desse modo.
Se ele tivesse poder não faria a si mesmo.
Com tamanha esplendecência.
Desculpe-me.
Por favor, entenda.
Não é nenhum preconceito.
Apesar de todos os contra tempos.
Tenho profunda admiração.
Pelo humano.
Mas acho loucura.
Desespero.
Acho até mesmo desonestidade.
Alguém acreditar em deus.
Em alma.
Ressurreição.
Reencarnação.
Não quero com minhas palavras.
Ofender ninguém.
Apenas não quero ser imaginativo.
Não desejo me autoenganar.
Jamais serei espeloteado.
Essa vida é uma das passagens.
A manifestação das superações dos elos.
Sou a extensão de uma carga genética.
De replicação.
Cuja vontade da força enérgica.
Fazer ser outro pedaço.
Entretanto, conservando-me.
Eternamente.
A substância da qual sou constituído.
A nova espécie que poderá brotar-se.
Da nossa existência.
Do mesmo modo.
Poder-se a exaurir no próprio mecanismo.
Um dia há de vir.
O que não se deve ser descrito aqui.
Não tenho medo de tal possibilidade.
Mas confesso.
A exuberância dos nossos passos.
Será distantemente a melancolia.
Do imponderável silêncio.
Pedido nos tempos indescritíveis.
Das vossas memórias.
Enálage.
A única coisa que sei.
Que os sentidos desmesurarão.
Ser a única coisa que serei.
Destina-me a escuridão.
A vontade de esquecer-me.
As significações.
Indecifráveis ao tempo presente.
Desse instante inimaginável.
Edjar Dias de Vasconcelos.