EM ALGUM LUGAR

Andando por aí, lá vou,

Sem eira e nem beira, sem alguém, com alguém.

Paro por um instante.

Será que alguém já passou por essa estrada antes?

Um menino me olha;

Está com jeito de que vai me pedir uma esmola.

Ele passa me olhando,

Faço de conta que não o vejo e sigo andando.

As estradas não têm fim...

Têm momentos que elas não levam a lugar nenhum.

Uma árvore, uma sombra.

A lua reflete em minha volta um animal que ronda.

Veem-se choupanas simples,

Casas com coisas estranhas que nunca serão usadas.

Estranhos acepipes,

Cruzo estradas, serras, fronteiras, limites...

Um gigante adormecido,

Chão demais para gente que não sabe usar.

Um leão ferido.

Terra vermelha que é explorada e vive sempre a sangrar.

Volto pelos mesmos caminhos.

Um homem parece estar vindo em minha direção.

Me diz, “bom dia!”

E de súbito e sorridente, num gesto amigo, aperta minha mão.

-Eu o conheço? pergunto

-Sim, já nos encontramos nesse mesmo lugar.

- Quando? Inquiro.

- Eu era uma criança, o senhor não deve se lembrar.

Encontrei com o senhor aqui,

Parecia que estava naquele momento desorientado e perdido.

Eu queria lhe falar naquele dia

Que se o senhor precisar de ajuda, pode sempre contar comigo...