A impotência de Deus
Rojões que anunciam a vinda do crack,
Madrugaram comigo fazendo comício;
Eu medito acompanhado de um mate,
Eles espocam cantado glórias do vício...
Ah, o bicho homem de hábitos noturnos,
Com paladar de hienas, olhos de coruja;
Foge da luz busca ambientes soturnos,
Pois a escuridão “lava” a sua alma suja...
Um novo dia se ergue e a vida palpita,
No canto das aves, no ornato das flores;
buscam seus catres pois a luz lhes irrita,
e o sono diurno lhes poupa tais dores...
Deus olha pesaroso pra esse inócuo pulo,
Que os não move um centímetro do lugar;
Cegueira vedou a saída do seu casulo,
E as asas padecem pelo anseio de voar...
Nessa confusão entre o bem e o bom,
Fogem do preço fazem a escolha do fraco;
Aqui até disfarçam qual brilho do neon,
No céu, a estrela sonhada vira negro buraco...
Liberdade é força conduzida por um fio,
Ligado à turbina da má índole na represa;
A ideia do tudo posso foi o diabo que pariu,
Que vale arbítrio livre dentro de alma presa?
Deixar que se percam contra anseios Seus,
É sina do Eterno , que nossas escolhas acate;
Maravilhado contemplo a impotência de Deus,
E só o que posso, é sorver mais um mate...