Amanhã
Nós vivemos cada dia
Como se tivéssemos um amanhã
Mas naquele dia
O “amanhã” nunca chegou
Homens uniformizados
Despedaçam minha alma
Marchando nas ruas
Erguendo suas armas
As mães já lamentavam
O futuro dos seus filhos
Queimem os livros
Naquele dia o sol nasceu
Vermelho rubro
Demos adeus a esperança
Aprisionados nas nossas mentes
Sem escolhas, sem chances
Aproxime-se do chão
Veja as cabeças caindo
E ninguém permanecerá de pé
Dê adeus ao amanhã
Você já lamentava o “hoje”
E agora lamenta não ter vivido
Pois nasceu um novo dia
E ele tem cor de fuligem
A tempestade não se acalmará
Observe os sonhos quebrados
Olhe para baixo
Curve a cabeça
Caia, submeta-se, obedeça
Morra
Esse não é o seu amado país?
Onde havia musica resta o estalar de armas
Aí está, o nosso Amanhã
Aproxime-se do chão
É o mais alto que vai chegar
A tempestade chegou cedo demais
Tudo partiu cedo demais
E mesmo com meus pés acorrentados
Há um sussurrar
De um povo que não pode cair
Nesse novo amanhã