SÚPLICA
SÚPLICA
Por que será meu Deus, que só encontro
felicidade no sortilégio de sonhos proibidos,
e só tenho pensamento para estranhos devaneios?
Por que busco no impossível a ventura passageira
Que logo me fará o coração em pedaços?
Ah, meu Deus, não quero correr atrás do nada,
mas seu canto de sereia embota-me os ouvidos
aos gritos da razão,
e ao nada eu acompanho,
na cegueira fatal que há de levar-me ao abismo!
Meu Deus, aliviai-me a alma desse anseio,
livrai-me dos meus sonhos arbitrários,
afastai-me dos descaminhos vãos;
Curai-me a dor que me avassala o peito,
reconduz-me ao aprisco da razão perdida,
afastai dos meus olhos a chama da ilusão!