Palco

“Casa enche, luz apaga, cortina abre, som retumba, peito bate.

Caminho clama e declama por pés descalços sob o cenário escarlate.

Dança mansa, a arte que lança em energia o doce laço de um abraço figural.

Move singelo o passo num compasso que inspira a mente em pura simbiose natural.

Brilha e aflora no palco a beleza sutil de cada essência diferente.

Conjunto finito em singular adição agora é plural eminente.

Instante, presente, momento no tempo que não anseia em ir embora.

Mentira vazia, dor reprimida, a culpa doentia ficam do lado de fora.

Ali é festa, giranda, ciranda iluminada pela estrela guia,

Suspiro, suor e fadiga perdem sem rodeios para tamanha euforia.

Majestosa brincadeira flameja e arde em ascendente fulgor,

Saia rodada, sorriso latente e palmas simétricas invadem a todos com fervor.

Música finda, corpo pára, aplauso paira e domina emoção.

Cortina fecha, flash cega, braços envolvem. Deu tudo certo, então!

Figura e figurino saem de cena e viram espaço amarrotado na bolsa das ilusões.

Realidade enfadonha chama, puxa, arrasta. Retorna a vida maquiada de arrefecidos borrões.”

Raffa Willian
Enviado por Raffa Willian em 02/05/2014
Código do texto: T4791520
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