O SUICÍDIO DE CAMUS
Mais perto da ponte
parou delírios
cansou de atravessar
entre as partes
que se abrem
onde vê navios
ou qualquer coisa no rio
ainda antes de chegar
não olhou p'ra trás
não vai haver filhos
entes
até mesmo o mais
próximo amigo
deixou de navegar
nesta balsa flutuante
entre fios de cabelo
dançam pesadelos
que iriam se apagar
sombra de mar
turbilhão de energia
que se inicia
quer outro lar
ares tranquilos nos outros
me põe a pensar
sou somente eu
fruto desmerecido de pena
caio fruto colhido
por pena
vai ter o que falar
as dores da luz de qualquer
fato dissimulado
ocasiões que abortam
conversas soltas no ar
devolvo olhar
de volta aos passos
certeiros
antes morteiro
era somente pular
se volto
revolto os sinais da imensidão
travo agonias
coração talhado em cortes
olhos pedindo perdão
às coisas da morte
distante antes
pura e simples razão.