MUSGO

A cor da flor é previsível

Quando uma rosa só pode ser rosa?

O caminho do jardim é conhecido

Por ele ela vai

Por ele ela vem

E eu vou saber...

O silvo do vento esta audível

Contando segredos antigos a velhas arestas e calhas

Divagando sobre verdades em assovios para as gárgulas

A canção do canário não mudou

Não aprendeu ele novas melodias?

Não conheceu novos rumos certamente

Não conheceu ninguém...

Escalando a rocha vai o besouro

Terá ele a ideia de que é montanha o obstáculo?

Saberá de montanhas ele?

Farejando o gramado segue o cão

A que pistas dedica seu incansável focinho?

Miríades de mistérios para o ser canino

Furtivo sobre a sebe observa o gato

Não é senhor deste território, mas pode tramar.

E gatos tramam até onde posso saber

Gatos tramam...

Sei que há cavalos, pois ouço seus relinchos.

Na tarde fria do sul fazem o que cavalos fazem

No velho muro caçam as lagartixas

Insetos pululantes a seu alcance

Talvez perigosas aranhas?

Talvez agressivos escorpiões?

Talvez... Talvez

Alheio a tudo cresce o musgo

É frio e úmido em seu mundo

É o frio e úmido que ele quer

Alheio a tudo a tudo cobre o musgo

É menos vivo por ser menos belo?

Tem ele os dilemas do viver?

Não...

Alheio a tudo cresce o musgo

No jardim a vida faz espanto e estardalhaço

No silencio do que é ignora o musgo

Que não recente

Não discrimina

Onde o musgo vive o jardim não vai florescer

Onde o jardim morrer... o musgo cresce.