O AÇÚCAR

Os segredos de um novo dia

Revelam-se para quem acorda

Corajosos levantam humanos

Descansados numa paz sem dono

Bebem um café quente, doce

Estimulante de formigueiros

No açúcar melado, constante

Desce suave a novidade

E disposto na cidade corre

Alimentado pelo deleite

Segue sua rotina tão amarga

(“Labor tira o sabor da boca”)

Suave beijo no fim da tarde

A sugar o resto de sentido

Sem moça, sem amor, sem amigo

Dorme com o banho tão sozinho

E acorda novo, renascido

Toma o café quente e doce

Sai correndo como as formigas

E se vai na rotina eterna

Se morresse não faria falta

Outro ocupa fácil seu lugar

E como ele: dorme, acorda,

bebe, trabalha, banha e morre.